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Cruzando a fronteira terrestre do Laos para o Vietnam

  • Renata
  • 3 de out. de 2016
  • 4 min de leitura

Depois de lermos relatos de brasileiros, franceses e ingleses, estávamos um pouco preocupados com a escolha de ir de ônibus para Hanoi.

Poderia ser o inferno total. Estávamos preparados psicologicamente para o que podia ser. As poltronas são tipo cama beliche. Fizemos de tudo para ficarmos nas poltronas de cima pois no fundo, quem fica embaixo tem o banheiro de um lado e uma janela pequena no outro. Além de ter 3 poltronas uma ao lado da outra na maioria dos ônibus.

O que lemos dizia: que os turistas eram colocados nos piores lugares (no fundo), o mal cheiro por causa dos chulés concentrados (todos tem que tirar o sapato na entrada do ônibus e guardar num saco), que se alguém fosse no banheiro o cheiro ficaria no ônibus por muito tempo, fora os relatos de que o banheiro entupiu e foi aquela desgraça. Na imigração os policiais podiam pedir propina e ainda podíamos ser enganados com uma fronteira falsa no meio da estrada. Ler coisas do tipo quando se tem que ficar 24 horas dentro de um ônibus e ainda cruzar uma fronteira não é nada animador. Entretanto as passagens de avião estavam muito caras e decidimos enfrentar o desafio.

O visto já estava nos passaportes. Faltava a passagem. Compramos 2 dias antes.

Pedimos para a senhora da agência que compramos a passagem pedir para a gente ficar em cima na hora que ela fosse ligar confirmando as passagens. Também pedimos para ela escrever isso na nossa passagem e nos ensinar a falar "em cima" na língua deles. Já esquecemos, mas foi bem útil.

Um "transfer" passa no hotel e leva todos os turistas para a rodoviária. Eles dividem os turistas nos ônibus e realmente colocam eles lá no fundo. Os laoenses e outros asiáticos já estavam dentro do ônibus quando chegamos.

Na frente do ônibus eles pegam as passagens, olham para a nossa cara e colocam o número da poltrona. Usei as palavras mágicas "em cima por favor" e quando nos autorizaram a entrar, ufa, um alívio. Ficamos nas poltronas superiores e lá no fundão, como previsto.

Uma francesa que mora no Laos foi do nosso lado, foi a primeira viagem dela também. Fomos desenferrujando nosso francês com ela e foi um começo de viagem bem agradável.

Apelidamos esse ônibus de "ônibus balada". Música alta e neon por todos os lados. Depois de uma certa hora a música abaixou e só ficou um neon azul aceso.

O ônibus parou em alguns restaurantes no caminho então nada de problemas com banheiro, fome ou sede.

A francesa do meu lado desceu numa cidade no Laos e veio um homem do meu lado.

A viagem dura 24 horas pois temos que chegar cedo na fronteira para ficarmos "bem posicionados". As fronteiras tanto do Laos quanto do Vietnam só abrem as 6h da manhã. Então ficamos lá parados das 3h até as 6h dormindo. Fomos acordados com uns gritos avisando que estava na hora de sair. Tentei gravar algumas fisionomias das pessoas do nosso ônibus, o que não é nada fácil. Mas é sempre bom saber quem está no mesmo ônibus que a gente.

Todos saem do ônibus e entram na fila da imigração da saída do Laos. Estava muuuito frio e uma garoa fina. Eu tinha um casaco, o Jorge que quase nunca sente frio estava quase congelando. Quando saímos a tarde de Vientiane estava aquele calor de mais de 45 graus, a maioria nem pensou que o frio existia por aqueles lados.

A primeira coisa que queríamos fazer, nos livrar das últimas notas de kip (moeda do Laos) que tínhamos. Fomos na janelinha que era a casa de câmbio. O senhor teve a cara de pau de dizer: eu não vou trocar agora pois vocês vão ter que dar isso para o policial da imigração.

O lugar é bem confuso, todo mundo se amontoando nas janelas e entregando passaporte. Não dava para entender nada. Então vimos a janelinha da imigração dos estrangeiros. Fomos lá com os outros mochileiros, éramos uns 8. Depois de uma confusão para entender isso, conseguimos nosso carimbo de saída sem gastar nenhum centavo com propina. Uma menina que estava fazendo aquela viagem pela 4ª vez disse que nem se importava mais e já colocava 1 dólar dentro do passaporte na hora de entregar...

Depois trocamos nosso dinheiro pela moeda do Vietnam.

Na saída o ônibus não estava mais lá. E com tanto ônibus parecidos, memorizamos a placa do nosso pra não entrar no errado. Não encontrávamos o nosso. Bate o desespero e o frio continua. Depois encontramos algumas das fisionomias que reconhecemos e ficamos perto deles. O ônibus estava lá na frente, fomos correndo e entramos. Minutos de relax.

Depois o ônibus anda mais um pouquinho para a fronteira do Vietnam.

Mais uma vez, todos descem e vão para as janelinhas. Sem fila, sem nada. A lei do mais esperto e mais forte (ou com o braço mais longo). Achamos novamente a janelinha para estrangeiros. Entregamos nosso passaporte confiantes que vai ser como o do Laos e eis que o policial pede dinheiro. Falamos que não tínhamos e ele simplesmente fecha e devolve o passaporte. Tentamos umas 4 vezes com os outros estrangeiros e nada. Só quem colocava dinheiro que ele carimbava. Que raiva! O ônibus já tinha passado e ficou perto da gente. Eles pediram para todos tirarem as malas para revistarem o bagageiro. E nada de passaporte carimbado.

Fomos lá, tiramos as malas, voltamos na janela e colocamos dinheiro no passaporte. Um monte de notas que no total dava 1 real (0,30€). O cara de pau abre um sorrisinho e finalmente carimba nosso passaporte. Uma vergonha, não pelo dinheiro pois não era quase nada, mas pela atitude.

Vamos de volta para o ônibus com as malas e todos os turistas devidamente autorizados a entrarem no Vietnam.

O resto da viagem se passou na maior normalidade e chegamos bem e aliviados à Hanoi. Tivemos a sorte de não passar nada parecido com os relatos que lemos.

Depois dessa experiência viajamos o Vietnam inteiro de ônibus sem nenhuma preocupação.

* Viagem feita em Março/2016

 
 
 

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© 2016 por Renata Cunha e Jorge Yuri.

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